Tenho esperado pelo amor que nunca chega, e um abraço sem espinhos. Tenho dormido nos braços do cansaço e descansado no acalento de uma janela coletiva onde o sol oprime os esquisitos, esperando o relento da lua noturna. Tenho aguardado pacientemente pela redenção dos que me rodeiam, tenho recebido um apoio que não mereço. Entre todos os sonhos mal sonhados, ainda tenho ansiando pela volta do herói que me salvou uma vez. Naquela outra vez, entre tantas vezes, anseio para poder ver outra vez sua lâmina cortar os pulsos da maldade. Tenho pensado em voltar a rezar novamente, de uma forma mais sincera como nunca antes, fazendo a paráfrase do poeta que me apresentou qorpo santo, uma reza de ateu, daquelas que só me permito fazer em momentos cruciais, sem demonstrar um rasgo da fraqueza que me destroça. Tenho encontrado pessoas tão boas que nem percebem o quanto são, eles estão muito ocupados recolhendo os fragmentos de bondade perdidas nos destroços da vida. Tenho conhecido e aprendido quase nada. Vivenciado o amor que se vai cada dia pouco a pouco, esperando sua mensagem que nunca chega. Tenho rogado ao coração que não morra, sucumba ante a dor de não vencer novamente, mas resguardando a frieza da derrota como um troféu triunfante abraçado pelas tinieblas. Tenho agradecido aos irmãos e amigos, os segundos iluminam meu dia,os primeiros me vingariam. Tenho acompanhado seu crescimento e não sei como definir ao certo, mas fico feliz em ter tido nessa vida a chance de te ver se desenvolvendo. Tenho agradecido muito pouco, mas pretendo mudar, a mudança para pior não é possibilidade para quem já decidiu o caminho do amor, aquele que nunca chega, vem de ré, ou se perdeu no caminho. Renegando essa mudança pela mudança, talvez isso seja o desespero de não saber ser quem se é, mas não culpo os desesperados, somos equivalentes em desesperança. A distinção está entre os que se dobrarão aos reis e quem será enforcado. Entre idas e vindas de transtornos ancestrais, como um triste cristão que espera a volta do santo homem, espero um resquício de fumaça que indique o fogo do amor que nunca chega.